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Diante um obstáculo, recomeços

“Eu não queria nada sério” disse Antônio, com 36 anos, relembrando momentos importantes enquanto tentava arrecadar fundos para a igreja que frequenta em Grajaú. Ele vendia sucos junto com um amigo, abordava as pessoas simpaticamente, falando sobre seu propósito. Mas quando questionado sobre alguma história marcante, ele olhou em sua volta, depois para o chão e com o olhar distante ele a contou.


Em uma idade de transição, de 29 para 30 anos, após sair de um casamento frustrado, ele não queria relacionamentos, não tinha planos para tal. Mas como um jogo imprevisível, a vida traçou outros caminhos e em uma noite esse discurso mudou, lembrou ele olhando para baixo.


Sandra era o nome dela. A moça na qual ele conheceu em uma saída com os amigos. A vida dos dois se cruzaram de forma inesperada, quando perceberam estavam juntos, era amor, logo começaram a namorar e desse namoro, Giovana nasceu. Assim como em seu significado, ela foi um “presente de Deus”.


Mas acompanhando a boa notícia, uma má chegou. Sandra descobriu um câncer de mama enquanto grávida. Situação que impossibilitou seu tratamento de imediato. Após os sete meses de gestação, começou a fazer quimioterapia, mas o câncer já tinha evoluído muito, proliferou para os ossos, a metástase óssea ocasionou fraturas, deformou a caixa torácica e ela foi perdendo cada vez mais peso, cerca de 20 quilos, “o câncer foi sugando a vida dela”, relatou Antônio pensando em tudo que viveram juntos durante os dois anos que passaram lutando contra a doença.


Nesses dois anos, Antônio aprendeu muitas coisas com sua companheira, amadureceu muito, conheceu “um homem que não sabia que tinha dentro de si” e sua fé em Deus lhe forneceu esperança.


Mas o tratamento foi perdendo a eficácia e ele se viu num processo de despedida com sua companheira, passou a entender que, apesar da dor de vê-la partir, a sua ida significaria cessar o sofrimento. Ele pedia a Deus conforto, pois Sandra já não tomava banho, tinha dificuldade para comer e seu corpo não reagia bem às sessões de quimioterapia.


“A gente sabe que a nossa vida vai findar, mas a gente não sabe como e torce para que não seja dessa forma” falou ele se encaminhando para o fim da história na qual viveu intensamente, grato por ter conhecido Sandra, pela filha que tiveram juntos e por tudo que aprendeu ao seu lado.


Antônio Rodrigues

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