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O sofrimento do Nordeste não fica restrito a ele

  • historiasemcurso
  • 8 de nov. de 2019
  • 2 min de leitura

Eu tinha 16 anos quando precisei vir para São Paulo. Em busca de uma vida melhor, saindo da Paraíba, cheguei na cidade grande com uma mala e um sonho. O único trabalho era de servente de pedreiro no centro da capital.


Eu não ganhava muito, mal conseguia comprar alimentos. Minha cama era um saco de cimento, meu travesseiro um tijolo e meu cobertor um saco de lixo preto. Eu vivia a base de pão e açúcar, únicos alimentos que eu conseguia comprar com o dinheiro que recebia, mas essa dieta regada a necessidade não durou por muito tempo, cheguei a passar muito mal.

Apesar da vida difícil e das necessidades na qual passava, eu buscava dar o meu melhor no trabalho e aos poucos fui sendo reconhecido. Há algum tempo na obra, o mestre de obras precisou se isentar por alguns dias e como tinha confiança em mim e sabia da qualidade do meu serviço, me deixou a frente.


Eu nunca aprendi a ler, mal sabia escrever meu nome quando cheguei, mas consegui entender projetos melhor do que muitos engenheiros formados, comecei a lidar com a matemática também, mesmo não tendo estudo. Com o meu trabalho nesses dias do mestre fora da obra, eu fui crescendo ainda mais. De servente, passei a pedreiro, a carpinteiro, até me tornar o que sou hoje, mestre de obras.


A vida não é fácil para nordestinos que, assim como eu, deixam sua terra natal para tentar a sorte distante da família e sem apoio algum. Hoje, eu venci, conto com um longo histórico em grandes construtoras, já recebi prêmios pelo meu serviço e dou a oportunidade de ensinar o serviço a muitas pessoas recém chegadas nas obras. Me formei na faculdade da vida.


João Hilário

 
 
 

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